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Quando o e-commerce Cabeleza chegou a faturar de R$ 14 milhões, em 2015, Rodrigo Nakagaki não imaginava que, quatro anos mais tarde, teria de encerrar o negócio.

As lições aprendidas com a experiência de 14 anos no e-commerce de produtos de cabelo e beleza, como as mudanças de mercado e a guerra de preços nos marketplaces, foram trazidas por ele durante a palestra que ministrou nesta quarta-feira (17/07), no Fórum E-Commerce Brasil 2019.

A Cabeleza iniciou suas atividades em 2004, no Mercado Livre, com apenas cinco pedidos por dia. Dez anos depois, com uma nova plataforma de vendas online, já registrava 350 pedidos por dia, empregava 24 funcionários, importava produtos e possuía uma marca própria. Já em 2015, durante a Black Friday, contabilizou seis mil pedidos nos quatro dias de promoção. Desde 2004 até 2016, a empresa aumentou em 90 vezes seu faturamento.

Para Nakagaki, que hoje atua como consultor, alguns deslizes cometidos no meio do caminho resultaram no fim das operações da Cabeleza. O primeiro deles, conforme pontuou, foi a questão financeira – que não recebeu a atenção devida.

Isso porque a falta de monitoramento fez com que ele não conseguisse equalizar os gastos que tinha com devoluções, trocas, porcentagens que eram pagas por sistemas, a fornecedores e a marketplaces, processos jurídicos movidos por clientes e as margens de lucro.

O contador que prestava serviços à empresa também não demonstrou muito conhecimento acerca dos principais modelos tributários, o que fez com que ela não economizasse tanto quanto podia. Por esse motivo, o consultor reitera a importância de o empresário estudar sobre impostos para conseguir adequar os pagamentos à sua realidade.

“O que percebo ser muito comum é um vendedor que foca mais no lucro. Então, a dica é: dedique tempo a fazer contas, não terceirize esse serviço, revise os gastos e lembre-se sempre que gastar é mais fácil do que ganhar”, recomendou.

Marca própria x produtos terceiros

Algumas decisões que norteiam o trabalho de quem empreende no e-commerce, segundo Nakagaki, são o melhor tipo de produto a ser vendido: marca própria ou de revenda. Na sua visão, no entanto, a resposta é fácil, uma vez que em um cenário de alta demanda e variedade de produtos, se diferencia aquele que tiver uma marca própria.

Com um produto único e exclusivo, é possível aumentar a margem de lucro, controlar melhor a toda cadeia desde a produção até a venda e evita-se a concorrência direta.

Por outro lado, há de se considerar o maior custo de produção, a demanda de mais tempo para desenvolvimento daquilo que será vendido, além dos desafios da distribuição.

Com os produtos de terceiros, por sua vez, é preciso focar no preço, dada a concorrência, e considerar que a qualquer momento a fábrica pode entrar no mercado.

No caso da Cabeleza, como contou o ex-empresário, o conjunto de fatores que fizeram as vendas despencarem e os prejuízos aparecerem foram o aumento dos custos com mídia e marketing, as margens espremidas, a guerra de preços nos marketplaces, o fato de a indústria ter começado a vender online e que a marca própria não era a maior parte do faturamento.

A união faz a força

Outro aprendizado do consultor foi sobre as pessoas que trabalham no negócio. “A primeira coisa que precisa ficar clara é que elas pensam e são diferentes de você. Haverá divergências e será crucial tirar o melhor disso. Valorize a aptidão das pessoas e dê a oportunidade para que elas possam desenvolvê-las”, aconselhou.

Além disso, o empresário também deve, de acordo com Nakagaki, estabelecer metas de performance atingíveis e usá-las como base para promoções e até mudanças de área de atuação dentro da empresa.

Mas a união de esforços não deve ser apenas interna. Conforme o consultor, uma estratégia positiva pode ser se juntar a parceiros que possuam negócios similares. “Eu me aliei até com concorrentes para negociar melhores preços com fornecedores. Foi algo que acrescentou muito porque também me ajudou a trocar experiências e informações de mercado”, avaliou.

O sucesso de um negócio, segundo concluiu Rodrigo Nakagaki, depende da capacidade de reinvenção, adaptação e movimento do empresário. “É como a fábula do sapo na panela com água. Quando a água ferve, ele fica parado. Não sejamos o sapo parado ou morreremos”, finalizou.

Por Thaisa Visentin, da redação do E-Commerce Brasil

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